terça-feira, maio 26, 2009

Barbeiro ou cabelereiro?

Desde que mudei para a casa nova (5/abr, quase dois meses, portanto), me enchi de coisas para resolver. Mandar ligar o gás, trocar o box (nojento) do banheiro, resolver o lance da fiação antiga, bla, bla, bla. Eis que um mês depois, mais ou menos, percebi que o cabelo estava comprido. E como não é muito prático voltar para Cotia para cortar o cabelo, saí em busca de um lugar novo para aparar as arestas capilares.

Vale, aqui, um adendo. Minha mãe, quando eu era pequeno e morava em São Roque, continuava indo para Cotia (quase semanalmente) para fazer as unhas. O aparte é só para quem lê (e não conhece bem) entender a hereditariedade das coisas, porque minha irmã continua voltando para lá para fazer as unhas. Ah, e minhas tias vão para Santos (oi?!) para cortar o cabelo. Ou seja, nasci predestinado a fazer grandes jornadas em benefício dos remendos estéticos.

Mas não. Resolvi quebrar o paradigma. E saí em busca, pelo bairro, de algum lugar para cortar o pello. Sei lá, Vila Madalena, além de bar, deveria (ao menos a meu ver) ter vários lugares. E tinha, só que todos muito caros. Se na Granja eu gastava R$25 e já achava um absurdo, quase denunciei alguns estabelecimentos vizinhos.

Mas tudo bem, estava no velho dilema "eu curto cabelo comprido, mas dá trabalho e não favorece (um monte de coisas)", e fui deixando o tempo passar. Até que... até que chegou a semana anterior ao seminario da Crescer, e queria ficar todo bonitão. Ou o mais próximo disso, claro. Mandei ajustar a camisa nova, piriri, pororó, e eis que não cortei no final de semana. Ontem, segunda-feira, um dia antes, e eu lá com o cabelo desgrenhado (mesmo quando eu penteava).

Aí nessas horas a gente acha que a vida é filme, que estamos em NY e que resolveremos tudo com uma ligação. Porque tudo fica aberto até meia-noite, e SP é a melhor cidade do mundo. Aham, ok. Pego o falatório digital e disco. Jacques Janine, Shop Vila Lobos. "Oi, tudo bem? Quanto é o corte masculino?". "Oitenta e cinco reais". "Ok, obrigado". Vamos lá: tem ouro na porra do shampu? A Gisele Bundchen vai cortar meu cabelo? Vai levar tipo 4h e meia e ainda rola uma massagem na faixa? Não, né? Falou então. Não gasto 85 pratas/mês nem com meu cerébro, que dirá com a parte que o recobre, né?

Beleza. Soho Vila Madalena. 38 reais, o cara com menos tempo de casa. Fechado! Metade do preço para servir de laboratório de gente despreparada. U-huu. Próximo. Salão da esquina de casa: 25 reais, só que só no dia seguinte, as 10h. Exatamente 1h30 depois do horário que eu teria que chegar no lance da Crescer.

Joguei a toalha e decidi esperar. Sempre passava por um barbeiro furreca no caminho do metrô. Daquele que olha e sabe que vai pagar R$ 15 para cortar e vai levar de brinde, na sorte, umas boas histórias do tiozinho que cortar seu cabelo. No azar, sai com menos cabelo e com hepatite, mas sussa! Dito e feito. Cheguei em casa mais cedo hoje, mas agoniado (tenho certeza que teria aproveitado melhor o seminario se tivesse cortado antes, sério). Passando na frente, deu para perguntar para um senhor (com barba por fazer e um cabelo toscamente mal aparado) quanto perdia para perder tanto cabelo. Quinze reais.

"Volto daqui a pouco, amigo!". Meia hora depois, estou eu lá. O lugar era sujo. Sujo mesmo, não era impressão. Cheiro de cigarro e de estabelecimento que não vê uma faxineira há um bom tempo. Mas cortou em 20 minutos, sem afetação. Nada de lavar: viva o bom e velho borrifador d'água. O papo, animador. O João (que cortou meu cabelo) está ali há um ano, quando faliu o outro salão onde ele cortava com o Benito, o dono da espelunca (de primeira, diga-se de passagem), barbeiro há 54 anos. Rá!

E o melhor, não é nenhum afetado que vem com aqueles papos "Conhece essa pomada? É óóótima menino, nem deixa aquele aspecto oleoso no cabelo!" (na boa, quem fala aspecto?!). Ou então: "Vamos lavar? Deixa eu temperar a água. Tá quente? Upa! Melhorou?" - tudo isso naquela posição ingrata, em que qualquer movimento errado te deixa sem a percepção do pescoço pra baixo o resto da vida...)

Preciso responder a pergunta do título?

--

P.S.: Estou usando muitos parêntesis, não? Fiquei impressionado. É a Crescer que faz isso comigo. Mas eu acho bom, só preciso dosar melhor nessas situações.

P.S.2: Achei muito "pessoal demais" esse post. Não quero que se repita, mas é que a história é boa. E como aqui quem edita é estagiário ainda, passa muita coisa que não passaria. É o que eu digo: os outros passarão, eu passarinho. Mentira, nem digo isso, nem fui eu que inventei.

segunda-feira, maio 25, 2009

TV emburrece sim

Passagem rápida, quase um twitt.

TV emburrece. Estou sentado assistindo CQC desde as 22h, sendo que tenho um trabalho a fazer. Detalhe: tem um texto inteiro para ler. 11 páginas. Só para ver o vizinho em Cannes. Fala sério.

Fica a dica: desligue a TV e vá ler um livro. Ou qualquer outra coisa.

Fui.

sábado, maio 23, 2009

Como tá tu, tatu? Tátu(do) bem. Tatu!

Tem dias que ouço, repetidamente, frases muito boas. E tem semanas em que ouço muitas frases boas. Muitas mesmo. Tanto que, um dia, comecei a postar tudo no Vou de Táxi. Mas aí não tinha fôlego para tanto e parei. Quem sabe um dia eu retome.

Essa semana foi de muitas frases boas, em lugares bem diferentes. Mas umas duas semanas atrás saquei o sentido de uma frase muito boa, que sempre ouvi e, a meu ver, foi o que deu a largada para essa semana de bons ditos - populares ou não. "Great minds thinks alike". Genial! A desculpa perfeita para todo e qualquer tipo de plágio. Ela me perseguia desde o final do ano passado, na aula de inglês, capítulo 5b, "What's your motto?". Pronto, ganhou contexto.

Mas voltando, o início da sequência matadora de boas frases começou na segunda, com uma palestra do Jair Ribeiro, dono da Casa do Saber e empreendedor (p.s.: é legal ser caracterizado como "empreendedor", né? Imagina a conversa: Que você faz? Sou jornalista, e você? Ah, sou empreendedor. E na boa, do jeito que as coisas são e estão, a próxima geração vai dizer - e ouvir - isso com naturalidade). A dele foi: "Essa é a realidade do século XXI a quinze minutos daqui", sobre a situação periclitante da educação nas escolas públicas da periferia de SP. Tiveram outras, melhores ou piores, mas essa é que eu destaco por aqui.

Depois ouvi umas duas ou três bem boas, mas como sempre minha memória brinca de escondê-las de mim. Não lembro, e detesto isso. Aí ontem, fim do dia, eu querendo ir embora, a Bia, que trabalha comigo, me mostrou uma música, linda por sinal, do John Lennon. Era "Beautiful boy", feita quando seu filho Sean nasceu. E entre os muitos conselhos do tipo "viva a vida sem medo" (mas que não soam caretas), ele lança: "Life is just what happens to you,
While you're busy making other plans" (ou, A vida é o que acontece com você enquanto você está ocupado fazendo outros planos). Claro! Como não tinha pensado ou ouvido isso antes? Entrou na categoria "transformou minha vida".

Já estava tudo certo, tudo muito bem, boas frases ouvidas até que... Até que hoje eu fui no musical Pra Nhá Terra, do Grupo Ponto de Partida + Os Meninos de Araçuaí. Um espetáculo fantástico, dentro do Auditório Ibirapuera, com umas (chute) 20 crianças (os meninos, que também são meninas, de Araçuaí, MG). O tema é a preservação ambiental. E o resto é o talento deles. Entre as muitas frases excelentes, cito aqui: "Certa vez o girassol se apropriou de Deus. Foi em Van Gogh". Coisas como essa me fazem confirmar a ideia de que é muito bom quando nossa língua consegue se apropriar do repertório de quem diz isso. É uma catarse para quem escuta, sem exagero. E pra quem diz também, convenhamos.

Fica a dica, alias. Meninos de Araçuaí no Auditorio Ibirapuera. Tem só até amanhã, a preços módicos e garantias sinceras de recompensa emocional.

E quanto às frases, vou deixando elas entrarem. É só se deixar de ouvidos livres. E olhos também: assim se vacina a alma.

sexta-feira, maio 22, 2009

Estamos fadados ao amor

Tenho falado muito sobre o amor. Falado, lido, entrevistado. Experimentado menos do que gostaria, mas beleza. E a conclusão a que chego é essa: estamos fadados ao amor. Em maior ou menor grau, de maneiras diretas ou indiretas, é para ele que caminhamos.

Não é uma coisa instintiva. Mas ao mesmo tempo é algo tão imenso, que suplanta as palavras. Por isso e por outros tantos motivos não damos conta desse amor todo. Por vezes usamos mal. Por outras, não demonstramos da melhor maneira. Mas estamos sempre amando. A nós mesmos, aos entes queridos, as plantas, a comida, a casa, sei lá, tudo.

E não é algo tão visível aos olhos. É de se sentir.
Também não é de fugir. Andamos, mesmo que contra a corrente, para ele. Ele está no final das correntes e das contra-correntes. Ele as inicia e as encerra. E nós nos encerramos nele.

Amando outra pessoa. Amando o regozijo causado por alguém. Amando o amar. Amando o amor. Amando, sobretudo, a aprender a amar.

E nem chegamos a junho: maio vem trazendo o frio, a vida vem trazendo o amor.

terça-feira, maio 19, 2009

Porque tem dia que é dia de escrever

Hoje vou escrever mais. Mais porque passei o dia todo escrevendo. E tem dia que é assim, uma reta ascendente. Começa com uma caneta e um caderno, na faculdade, às 8h, 10h da manhã e vai manhã, tarde adentro e começo de noite também.

Hoje foi tipo isso. E esse post é, sim, meio "Querido Diário...". É a vida. Nem só de ficção se vive a vida, oras.

Além de ter ficado (por que quis) até quase 1h ontem na "firrrrrrma", cheguei hoje e trabalhei que nem um débil mental. Achando que ia ser pé nas costas. Mas aí foi. Emendava um email naquela nota atrasada, atendia dois ou três telefonemas (ora a TVA marcando instalação dos pontos pra sexta, ora a advogada da dona do ape), voltava para a nota, mas esquecia do email. Aí decidia ligar, ligava, voltava para a nota (a nota, a nota). Fecha isso na página. Corta mais.

E as outras notas? Mais notas! Notas! Mas e as fotos?! Sim... Oi, quero fotos, me manda? Valeu, beijos. E aí já era 16h. E minha teoria de que, na verdade, o ínterim entre 16h e 19h não tem três horas, mas 30 minutos, se comprovou. Pronto. Sete da noite, e faltava escrever as notas. Sete e quinze, tudo escrito, entregue, chefe feliz... Mais uns cinco emails. Passando uma entrevista para outro fazer, agradecendo a agilidade de um assessor de imprensa (e é sempre bom reforçar e parabenizá-los por isso, porque eles sempre tendem a ser lentos. Tipo 'oficializa isso pra mim por email, por gentileza?'. Uhhhhh...), deletando aqueles inúteis. Aí aproveito para deletar ítens inúteis de cima da mesa, depois organizo o que sobrou e... rua. Hoje saí cedo, 19h35.

Mas teve mais. Em casa às 21h, após, digamos assim, cumprir compromisso com a divindade, respondi mais uns quatro emails pessoais/TCC/faculdade. E vim escrever por aqui.

Tudo para concluir que tem dia, que nem hoje, que é dia de escrever. Praticamente como o pasteleiro, um pastel atrás do outro. Mas tudo bem, me sinto bem por isso. E ter consciência feliz e tranquila no final do dia é sinal de que estamos sempre no caminho certo.

Mas por hoje é só, que agora preciso desligar a TV (Casseta e Planeta cheira a naftalina) e ler Hamlet, que parece mais contemporâneo que a turma do Bussunda.

Hasta.

quinta-feira, maio 14, 2009

Havia uma moeda no meio do caminho

O passeio a São Paulo – eu morava no interior àquela época – sempre me causava frio na barriga. Mas aquele era especial: ia aumentar minha coleção de moedas antigas. Pouco me importava o que, de fato, trazia meus pais à capital. Só pensava na moeda indiana (aquela altura já alçada ao posto de relíquia) que iria buscar. Não passava de uma surpresa no kit infantil da Pizza Hut, mas para mim era uma relíquia, uma relíquia do Oriente.

Despachados os assuntos chatos dos adultos, fomos à loja de fast-food, pedi meu lanche (que nem me lembro ao certo o que era, talvez um pedaço de pizza de peperoni) e, então, pude me deparar com aquela preciosidade. Uma moeda em formato de losango, com cantos arredondados (uma cópia de moeda na bem da verdade, mas ainda era o tempo em que Papai Noel existia).

Aquilo era o máximo. Tratei de engolir logo o lanche, fomos para o carro e assim que entrei já me pus a brincar com a... moeda? Cadê a moeda? Onde está minha moeda?! Foi então que tive que lidar com a primeira sensação de perda da qual me recordo. Não tinha mais moeda. A moeda mais legal do mundo tinha se perdido no caminho. Assim, sem que ninguém tivesse notado, sem que desse um grito de socorro – um barulho qualquer que me fizesse perceber sua (desped)ida.

Pus-me a chorar. Foi desespero, confesso. Mas no estranho mundo dos adultos, eu era o estranho. Por que chorar pela moeda? Era só mais uma! Depois compramos outra. Frases como essas, ditas para me consolar, me martelaram por horas, dias, meses. E não é força de linguagem. Meses depois ainda cobrava – meio enfezado – a tal moeda dos meus pais. E eles, meio que sem jeito porque achavam que eu já teria esquecido isso há muito tempo, tratavam logo de mudar de assunto.

Guardadas devidas proporções, lidar com a perda da moeda me fez saber pisar melhor em ovos, sem quebrá-los, quando tive de lidar com a perda de outras coisas mais importantes. Da inocência, dos entes queridos, dos dias mais ensolarados. Hoje sei que não se tratava apenas de uma moeda.

segunda-feira, maio 11, 2009

Pelo amor, a magia do circo

Faz uma semana (talvez uma semana e um dia) que não escrevo. Acontece assim, tenho muita vontade de escrever numa semana, noutra fico sem ideias. Mas no fim, no cômputo geral, dá tudo certo.

Hoje, confesso, é dia sem ideias. Mas dando uma olhada no site do M&M, fiquei sabendo do comercial abaixo - e, confesso, tenho um fraco por comerciais que fazem arrancar lágrima. Não me orgulho disso, mas pelo menos esse é de uma campanha sem fins lucrativos.

É lindo. Mistura da magia do circo, com a espontaneidade que ela gera. Acho que é uma boa para encerrar o dia. Depois de dentista, mil coisas da casa feitas, trabalho e papo com os três irmãos ao final do dia, é bom cair de volta em mim mesmo pela emoção. Não deixa de ser pelo amor, também. E tudo na vida, me convenço cada dia mais com os anti-exemplos do dia-a-dia, é melhor que chegue pelo amor, que pela dor. Pode parecer meio maniqueísta, mas os acontecimentos mais fundamentais da nossa vida se dão assim. Pelo amor ou pela dor. Eu fico com a primeira opção.

Fiquem com "Magia", da agência peruana Circus.