domingo, agosto 22, 2010

A "ética" do sensacionalismo

Este será assim, bem rápido.

Outro dia entrevistei - quase um bate-papo, na verdade - o promotor Augusto Rossini. Ele é o responsável pela Promotoria Comunitária do Centro, sobre a qual eu escrevi no #CentroAvante.

Em busca de um e-mail ou telefone na internet (ok, preciso melhorar a organização da agenda...), me deparei com esse vídeo.





Bem, não vou me ater aqui ao que penso sobre jornalismo de determinadas redes de TV, mas compartilho o que aconteceu há pouco aqui em casa.

Estava de bobeira quando tocou o interfone e o porteiro disse que, em cinco minutos, subiria a Ellen, uma entrevistadora do Censo. Puxa, que legal, eu pensei, vou participar do Censo. A Ellen chegou, me fez perguntas e, a título de curiosidade, perguntou qual era a minha profissão.

Ela ficou tão embasbacada que pediu pra ver uma revista com alguma coisa que eu tivesse feito. Acho que queria comprovar a história, mas pediu de um (sem) jeito que parecia pedir autógrafo. Peguei a última edição da revista, mostrei uma matéria e esclareci que "sou jornalista dos que faz notícia, e não dos que fazem fotos", como ela disse.

Aí você pensa: toda essa aura em torno da profissão - que em nada é revestida desse "gramur" todo - e o Zé que ganha cinco ou seis digitos como apresentador acha que é isso mesmo. Tá tudo legal quando você topa arriscar que duas meninas miseráveis tomem tiro em troca de uma "exclusiva" com o sequestrador. (o que, neste caso, pode até ter contribuido para que a m... toda acontecesse). E ainda tem a moral de dizer que seguiram a "ética".

Na minha terra isso tem outro nome.
adieu!

segunda-feira, agosto 09, 2010

Na aula de palhaço


"Aquele tio ali é de um circo russo. Ele é assim, meio novo, mas é muito importante. Veio aqui para conhecer vocês." As crianças olham o tio de vinte e poucos anos como se mirassem um alienígena. A aula continua, ainda assim.

Nino é mais curioso. Fica olhando para o moleque russo entre uma acrobacia e outra. Dá tchau, num pedido informal de emprego. O olheiro asiático retribui com um sorriso. O emprego estaria garantido, se fosse o caso. A lorota é sustentada pelos professores. Palhaços, insistem na brincadeira. Os olhares infantis sorriem para o farsante que assiste, com enfado, à aula.


Chega ao fim duas horas depois, quando já é hora das nove crianças partirem para o próximo compromisso da agenda. Saem sem dar pelota ao russo. Seus minutos de fama se foram. O enfado não.

Agora é hora de acreditar na próxima mentira, seja na aula de história ou de inglês.
E eu, o russo, parti para a galhofa seguinte.

atualização às 21h32 de domingo, 15/8.
p.s.: pelo jeito, a Ásia é a nova Europa no meu mapa-mundi. Sorry!

Foto: imagem usada sob licença Creative Commons (CC). Conheça o trabalho do autor aqui.