sexta-feira, abril 24, 2009

E o homem sucumbe à informação

Tem ideias que me atormentam. Tanto que tenho uma listinha de assuntos organizados em rascunhos na administração do blog. Ou porque deu preguiça de escrever, ou porque faltou tempo, ou só porque não é a hora.

Mas tem uma coisa que me incomoda um tanto. Desde que comecei a trabalhar e tive que estudar ao mesmo tempo, comecei a ficar atormentado com o fluxo de informações. Eu não entendia (e não conseguia processar) que além de ler um texto de 40 páginas sobre a Escola de Frankfurt, ainda teria que fazer umas 30 ligações e mandar um sem-número de emails depois da aula. Mas como? Sempre lembrava - e ainda lembro - da minha professora de artes da primeira série dizendo: faz o mais difícil antes e depois mata os mais fáceis depois, rapidinho. Pena que a vida não é um exercício de recortar e colar.

O tempo foi passando e eu fui me acostumando. O que quer dizer que eu passei a trabalhar mais em detrimento da faculdade. Tudo muito bem, tudo muito bom, a vida correndo em paralelo às mil atividades. Outros acontecimentos sem qualquer relação com o trabalho alterando o dia a dia de um jovem estudante.

Até que eu descobri o Google Reader, serviço de RSS. Faz o quê, uns dois anos? Acho que por aí. Passou um tempo, deixei de lado, e agora na Galileu passei a retomar o serviço. E a ideia de ter umas 200 novas notícias por hora é desesperador. Porque enquanto eu estou, sei lá, entrevistando alguém ou reclamando do meu computador para o Help Desk, a Folha Online, o G1 e os 20 blogs que eu sigo estão me mandando informações.

E enquanto eu estou escrevendo aqui, outras 2 mil noticias me esperam, nervosas para serem lidas naquela interface padronizada do Google. A informação é muita, e nossa função é hierarquizar, traduzir e dizer porque aquilo é importante para o nosso leitor. Ok, já entendi a parte técnica da coisa.

Mas e eu, como fico? A vontade é ficar testando os limites físicos e ficar a maior parte do tempo vendo as notícias do Google Reader chegando. Mas me pergunto: até que ponto não ganho muito mais passando um final de semana na praia ou uma tarde toda entrevistando um personagem bacana? Quando tenho que parar de acumular repertório e começar a confrontá-lo com os demais?

São inquietações que provavelmente não existiam no mundo cartesiano de décadas atrás. As décadas pré internet.

Afinal de contas, isso me faz pensar se não deveria priorizar mais as vivências (de qualquer tipo) do que as informações e, desse modo, ser alguém mais completo para a vida. E para o trabalho. E para todo o resto.

E aí caio em outro ponto. Se me esforçar ao máximo, sempre reavivar os contatos com pessoas queridas, estar sempre muito bem informado, arrumando tudo da casa, organizando o caos do cotidiano; isso tudo não vai me exigir mais? Mais tempo para os amigos e para os papos de mesa de bar, para os compromissos do trabalho, para as coisas da casa... E isso vai aumentando, aumentando, aumentando, aumentando até que sucumbimos.

A questão é: o homem está usando sua capacidade máxima de absorção e intelecção de ideias? Isso faz bem? Quais as consequências disso? Onde vamos (ou não) parar?

Não sei. Espero que o final de semana na Flip, em Parati, me afaste dessa rotina frenética e me ajude a por a cabeça no lugar. Da próxima vez, espero um post menos atormentado e mais poético, influenciado pela convivência na charmosa cidade fluminense. E só para recordar e reforçar, meu primeiro conto de ficção publicado sai na CRESCER de julho. É sobre a amizade de olhos livres. Espero que quem ler, goste. A ideia é essa.

até logo. da próxima vez, com menos complexidades e mais poesia.

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