quinta-feira, abril 23, 2009

A hora e a vez de Susan Boyle

Semana passada, como grande parte do mundo, eu conheci Susan Boyle. Uma inglesa de quase 50, que nunca foi beijada ou tocada. Virgem. Feia. E que se submeteu a um julgamento cruel do júri de uma espécie de American Idol local. E das mais de mil (acho que até bem mais que isso) pessoas que estavam na platéia.

Ela foi ridicularizada. Riram dela. Gargalharam. Até ela abrir a boca e cantar. Então todos se calaram, e aplaudiram. Muitos, como eu, choraram. Em maior ou menor grau, quem assistiu aquilo se emocionou. E então ela foi aprovada, passou para a próxima fase.

Aí me bateu uma sensação esquisita. Sempre acontece nesses casos. É meio dó, meio melancolia, meio felicidade. Mas como três meios são mais que um inteiro, continuo sem entender o que é isso ao certo. O mesmo acontece em outras situações. Como quando escuto "Mais de mil palhaços no salão", sabe, aquela música de carnaval linda?

Toda vez que aparece algo bonito e sutil, mas meio resignado, me causa uma sensação entre o alegre e o triste. Uma espécie de alvorecer de sentimentos, que não é noite, nem dia. É aquilo.

Não sei se, de repente, eu queria no fundo que ela fosse mais feliz, bem-sucedida e não estivesse sujeita a esses julgamentos rasos só porque seu histórico estético-psicológico não a favorece. Nem que dependesse de um bando de pessoas estúpidas, com poder de decisão para ser reconhecida e feliz.

É estranho. E como aprendi uma vez, o que nos causa estranhamento tem que ser discutido, posto em evidência - de repente até virar uma boa pauta. Ou uma boa sessão de terapia. Depende sempre do tratamento que damos às coisas. De qualquer maneira, fiquei muito feliz com o caso da Susan Boyle. E torço para que seu sucesso a deixe mais feliz. É uma maneira de lidar melhor com essa sensação que sinto, mas não entendo.

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